O vazio do tempo vazio.
Tudo congela.
Não, tudo anda.
Nós é que congelamos.
Tudo anda sem nós.
Tudo anda mais rápido,
e nós congelados.
Assisto a tudo da janela.
Meu corpo inerte,
uma múmia.
O tempo passando sem mim.
Um pedaço da vida indo a cada minuto,
um pedaço da morte se antecipando a cada instante
que é passado sem mim.
A vida que descola do tempo.
O tempo que passa ao largo da minha vida.
O tempo que assisto da janela,
que só corre por fora dela.
Aqui dentro tudo parado,
apenas eu, inerte, morto, estático.
E a vida lá fora prossegue.
Os tempos lá fora preenchidos.
Aqui dentro o tempo cheio apenas de um grande vazio.
Melhor dormir
e não ver o tempo passar lá fora sem mim,
e nem eu passar o tempo aqui dentro sem ti.